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 Obras:



O artista plástico, Armarinhos Teixeira, vive e trabalha em São Paulo. No seu trabalho, estuda a morfologia das coisas desde 1990, que estão entre a cidade, a mata e as áreas áridas. Numa via de expressão de intensidade, a construção de novos amparos, que se espalham como uma miragem contemporânea. A partir daí, cria em extensão: esculturas, instalações, desenhos e interrogativas em outras mídias,assim forma-se a Bioart

Em 1982, deu início as oficinas de arte, no Centro Cultural São Paulo e mais tarde, aprimorou-se nas oficinas de arte da USP-Sp

Exposição

coletiva - Feira Pinta - Miami - Galeria Clima 2019
Individual - Centro Cultural Correios SP 2019
coletiva - Galeria Clima ,Brasilia Brasil 2019
Individual - Museu Nacional da Republica, Brasilia 2019
individual - Galeria Legado Arte,São Paulo 2018
individual - USP Centro Universitário Maria Antonia,São Paulo 2018
coletiva - Galeria HAG ,São Paulo Brasil 2018
individual - consulado geral em Genebra, Suíça 2017
individual - WTO OMC - organização mundial do comercio,Suíça 2017
intervenção escultura urbana,Rio Rhy,Basel - Suíça 2017
individual - brasilea Morfologia obiliqua, Basel, Suiça 2016
Coletiva - ArtRio, Rio de Janeiro, Brasil 2016
Coletiva - Face to Face, Coleção Ernesto Esposito Palazzo Fruscione, Salermo, Itália, 2016
Coletiva SP-arte, São Paulo, Brasil, 2016
Individual - Apresentando esculturas, Galeria Arte Hall, Espaço e-arte, São Paulo, Brasil, 2015
Coletiva - SP-arte, Arte Hall, São Paulo, Brasil, 2015
Individual - Soro Ocupação, São Paulo, Brasil, 2015
Coletiva - Galeria Pilar, São Paulo, Brasil, 2015
Coletiva - Galeria Salar , Arte Lima, Lima, Peru, 2015
Coletiva - SP-arte, São Paulo, Brasil, 2015
Coletiva - Art Rio, Rio de Janeiro, Brasil, 2015
Coletiva - Barcú /Bogotá, Colombia, 2015
Individual - "Organismo Doce”, Banco do Brasil, Nova York, EUA, 2013/14
Individual - Feira Parte USP, Galeria e-arte, São Paulo, Brasil 2014
Coletiva - “Memórias”, Home Art Gallery, Brasília, Brasil, 2013
Coletiva - Museu da Gente Sergipana Aracaju, Sergipe, Brasil, 2012
Individual - Museu do Homem Sergipano MHS, Aracaju, Sergipe, Brasil 2012
Individual - "Ao comparável atiramos”, Galeria RV, Salvador, Bahia, Brasil 2012
Coletiva - Centro Cultural Recoleta Buenos Aires, Argentina, 2011
Coletiva - 1 salão de Arte Contemporânea de Goiânia, Goiânia, Goiás, Brasil, 2011
Individual - Espaço Semear Fotografia Aracaju, Sergipe, Brasil, 2011
Individual - Centro de Cultura Judaica São Paulo, Brasil, 2010
Coletiva - Fotografia 5 x 5 , Galeria Marcos Caiado, Goiânia, Goiás, Brasil, 2010
Coletiva - Galeria Plastique, São Paulo Brasil, 2007
Coletiva - Galeria POP São Paulo, Brasil, 2007
Individual - Memorial América Latina São Paulo, Brasil, 2007
Individual - Galeria B.I.L, Salvador, Bahia, Brasil, 2006
Individual - Instituto Cultural Banco Real/Santander, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, 2003
Individual - Instituto Cultural Bandepe/Banco do Estado de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil, 2002

Obras em acervo:

Instituto Banco Real/Santander, Recife, Pernambuco, Brasil
Centro Cultural Vergueiro, São Paulo, Brasil
Petrobras, Salvador, Bahia, Brasil
Centro Cultural UFG, Goiânia, Goiás, Brasil
Museu de Arte contemporânea de Goias (MAC), Goiânia, Goiás, Brasil
MAM Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
White Box, Manhattan, New York, EUA
Arte Perpetual Establishment,Basel Suíça ?

SOBRE OS SERES E AS COISAS

"Toda paisagem é um estado de espírito"
Fernando Pessoa

A paisagística foi o elemento estruturador da arte brasileira desde os seus primórdios. Frans Post e todos os artistas viajantes que por aqui vieram tinham por objetivo registrar e documentar a flora brasileira e, muitas vezes, por ela se deixavam encantar, imprimindo características pessoais e permitindo toques de criatividade originários do encantamento que a luxúria tropical neles provocava. Após a missão artística francesa de 1815 esse comprometimento com a paisagem transformou-se em desafio e, com o Império, virou política de Estado: construir, a partir da paisagem local, uma estética que refletisse a proposta de implantar, sob a linha do Equador, uma nação européia de porte gigantesco em meio à luxúria e ao transbordamento da vegetação tropical: "Gigante pela própria natureza, és belo, és forte, impávido colosso!" (1)

Esse investimento na construção de uma identidade nacional através do espaço paisagístico que nos envolve se acentua, no século XX, com os modernistas e seu desafio de criar uma forma que fosse capaz de integrar postulados universais com algumas características específicas brasileiras; os primeiros modernistas se empenharam em busca dessa síntese e acabaram por legar um painel amplo e verdadeiro da diversidade nacional, fazendo da paisagem um instrumento que, metaforicamente, revele a complexidade das relações sociais do país. Posteriormente, Burle Marx e Krajcberg, antípodas em suas ações, incorporam a paisagem como base de suas trajetórias artísticas, um buscando, com imenso talento, organizar a beleza tropical em territórios delimitados, construindo um mosaico surpreendente de cores e texturas que se manifestam em várias técnicas e suportes e o outro criando objetos de grande impacto oriundos da destruição, da ganância e do desrespeito ecológico e dando-lhes voz e significado através de um discurso poético que provoca estranhamento e encanto através do homem como agente da morte e da arte como instrumento de ressurreição.

No mundo contemporâneo, a arte amplia as suas funções e os seus horizontes, buscando inserções em vários espaços e segmentos de nossa complexa rede cultural. A idéia tradicional da arte contemplativa ou comprometida com a construção de um suposto mundo ideal a ser projetado no futuro cede lugar a uma ação guerrilheira, provocando paradoxos, despertando reflexões e propondo conceitos que justificam a forma com a qual se apresentam. Tunga, certa vez, definiu o artista contemporâneo como aquele "que junta coisas distintas". A criação contemporânea consiste na capacidade de entender a arte como instância do processo de conhecimento, elemento desafiador a provocar verdades e sugerir reflexões através da manipulação de elementos oriundos da ciência, da pesquisa e da arte e da sensibilidade. Essa articulação de saberes, nos quais a instância temporal atua com impacto e precisão, está presente em diversas e distintas produções artísticas brasileiras além de Tunga: Nuno Ramos, Angelo Venosa, José Rufino, Marcos Coelho Benjamim são alguns artistas que definem sua produção através dessa confluência de informações. Esse é o universo no qual a produção de Armarinhos Teixeira se insere, construindo uma paisagem que recusa a contemplação passiva e que insere, de maneira original e contundente, os fenômenos, os processos e as regras da botânica no interior da própria obra, que assim se identifica como simbiose entre a ciência e a arte.

Os objetos seriados criados pelo artista surpreendem pela ousadia e arrojo. Eles se organizam como um corpo no qual a estrutura, os tecidos e as seivas articulam uma composição de grande impacto visual. Eles são assim, intrinsecamente híbridos, guardiões de um templo secreto, visitantes de um território distante, sentinelas de uma ordem indecifrável, uma metade mecânica, outra metade idéia, uma metade morte, outra metade vida, uma metade silêncio, outra metade algazarra. E ali estão, diante de nós, cyborgs de um mundo desconhecido, esfinges contemporâneas à espera de serem decifradas, desafiando a razão, provocando os sentidos, ensinando, como no samba, "que a vida não é só isso que se vê, é um pouco mais, que os olhos não conseguem perceber..." (2). Assim elas se constituem, elementos de uma paisagem que a cada dia se transforma, movimentos dialéticos sob a regência do tempo e sobre a ação da arte como ferramenta de construção de elementos sem memória, surpresos, incrédulos, misteriosos em sua estranha maneira de ser, em sua estranha forma de vida. Por isso, diante delas, indagamos como se estivéssemos diante do nosso próprio espelho: de onde vieram, quem são, para onde irão?

E ali elas estão, agrupadas, elementos oriundos de uma mesma comunidade, de uma mesma genética, de uma mesma inteligência, membros de um coletivo, de uma mesma colônia. Esse é o princípio, a essência: entre os seres e as coisas, esses objetos/indivíduos se articulam na construção de uma linguagem particular, na comparação visual entre eles, iguais e diferentes, seres de cada geografia e de cada momento. Sobre eles, meses atrás, para uma exposição no Museu Nacional em Brasília, escrevi: "Eles criam diálogos entre o mundo dos seres vivos e os objetos inanimados. Nesse pequeno mundo criado pelo artista como morada de suas idéias e de seus objetos, é preciso respirar e perceber lentamente a dinâmica das coisas." Se, nesta exposição na capital brasileira esses objetos pareciam integrar uma comunidade que surgia através da superfície sólida, de uma base permanente, em busca da verticalidade e da altitude, aqui e agora, em São Paulo, em sua primeira grande mostra na sua cidade natal, no Centro Cultural Correios, Armarinhos Teixeira parte de um mundo submerso, a partir de pesquisas que realizou na Amazônia, onde o movimento das águas, as cheias e as marés, alteram profundamente a paisagem regidas pelo ritmo das cheias e das vazantes. Nessa nova série, as colônias submersas criam elementos de grande potência visual na qual o tempo é o regente de suas transformações. Assim, materiais industriais incorporam plantas aquáticas e carnívoras, interligando-as a sistemas de transmissão de nutrientes que fazem de cada obra algo em permanente transformação, elementos mutantes, metáforas precisas e extremamente poéticas de caminhantes que seguem a sua sina de seguir pelo mundo em busca de seu sentido e de sua razão.

Marcus de Lontra Costa
São Paulo. Agosto. 2019
(1) "Hino Nacional Brasileiro", F.Manuel da Silva e J.Osório Duque Estrada
(2) "Sei lá Mangueira", Paulinho da Viola